«O coruja» de Aluísio Azevedo: Um romance singular

Autores

  • Jean-Yves Mérian Universidade de Rennes 2

DOI:

https://doi.org/10.53943/ELCV.0222_142-152

Palavras-chave:

Educação, naturalismo, folhetim, crítica social

Resumo

Dentro da produção literária de Aluísio Azevedo, O coruja ocupa um lugar sui-generis. Não se trata de uma obra que corresponda às características consagradas do gênero romance-folhetim. Publicado inicialmente nos rodapés do jornal O Paiz do Rio de Janeiro, entre junho e outubro de 1885, O coruja chamou a atenção dos leitores pela figura do protagonista e pelo caráter excepcional do seu trágico destino. Nele reside uma crítica implícita e ferrenha do descaso das autoridades da época, com relação à educação do povo brasileiro no fim do Segundo Império. Publicado em volume em 1887, este romance permaneceu pouco conhecido, nunca atingindo a popularidade de obras como O mulato ou O cortiço. Este artigo busca mostrar a importância do romance no debate sobre a necessária reforma da educação no Brasil, tema que, entre 1883-1884, levantou grande celeuma. Trata-se de uma calorosa denúncia de um sistema que favorecia (e ainda favorece no século xxi) uma pequena minoria, que no romance é representada pela figura antitética de Teobaldo: corrupto, oportunista, perfeito paradigma da classe dirigente do Brasil. 

Referências

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Publicado

29-12-2022