Mia Couto: memória e «tradução cultural» em O Último Voo do Flamingo

Autores

  • José Paulo Cruz Pereira Universidade do Algarve

DOI:

https://doi.org/10.53943/ELCV.0119_17

Palavras-chave:

Justiça, memória, «vida nua», alteridade

Resumo

A minha leitura segue o desafio com que somos confrontados, como uma espécie de enigma, no início do romance: «os soldados [da ONU] morreram? Foram mortos?» Em busca de uma resposta, pondera aquelas questões que dizem respeito aos problemas da morte e da vida, tal como eles são colocados no mundo ficcional de Tizangara. Compreendê-los-á, então, com base nas posições contidas em «Sobre uma crítica da violência», de Walter Benjamin e nos pensamentos, quer de Emma-nuel Lévinas, quer de Jacques Derrida. Eles ajudam-nos a compreender, do ponto de vista de uma crítica ética e política da violência, o que estará em causa, não apenas para a personagem do padre Muhando — a personagem que é o centro organizador da sua trama ficcional, e cuja visão nos parece fortemente marcado pelo judaísmo – mas também as do feiticeiro Zeca Andorinho e do velho Sulplício, que pertencem ao círculo das suas amizades mais próximas.

Referências

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Publicado

30-05-2019