Profanações lexicais em «O evangelho segundo Jesus Cristo», de José Saramago
DOI:
https://doi.org/10.53943/ELCV.0222_112-125Palavras-chave:
Profanações lexicais; Saramago; Agamben; figuras bíblicas.Resumo
A obra saramaguiana foi magistral em evocar e/ou provocar o passado e os seus discursos cristalizados, sendo O evangelho segundo Jesus Cristo (1991) um ilustre exemplo. Neste artigo, proponho-me revisitar este romance de José Saramago de forma a argumentar que a obra em causa mobiliza uma profanação das figuras bíblicas ao nível lexical. Mais especificamente, e à luz do conceito de profanação de Agamben (2007), defendo que o narrador e as personagens, através das suas escolhas lexicais, põem em marcha um processo de restituição de determinadas palavras a um uso que até então lhes estava vedado não só pela própria tessitura dos evangelhos canónicos como também pelas leituras historicamente construídas desses mesmos textos, o que, em última instância, contribui para uma profanação das figuras bíblicas.
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